Profumo Di Donna

P07-05-10_23.20[01]_1 Quem me conhece sabe o quanto sou apaixonada por perfumes, essências, creminhos e afins…
Não há viagem sem um perfume como souvenir… Sempre admirei jóias e arte em geral, mas meu fascínio por perfumes é profundo… Lembro que desde pequena, adorava dar uma passadinha na Bibelot, uma loja de perfumes que tinha no shopping e, “visitar” a penteadeira das minhas titias! A Nonna sempre dizia que uma mulher deve eleger um perfume, usá-lo sempre e pela vida inteira, associando ao mesmo sua marca registrada. Concordo que temos memória ofaltiva e jamais esquecemos o cheiro de uma pessoa querida, principalmente quando era marcante assim….
Mas, convenhamos: com tantos aromas agradáveis e combinações de notas fantásticas, é impossível  ter um só como preferido e sim os queridos,  a top10 + P07-05-10_20.53
Acredito que elegemos nossos perfumes favoritos assim como o som em nossos players…. podemos estar numa fase mais eclética apreciando vários estilos musicais diferentes, usando um perfume diferente para cada estado de espírito e ou ocasião ou então ouvindo a mesma música exaustivamente, consumindo um vidro de perfume em menos de um mês (e agora, quem vai viajar?! eu tenho reserva?!), risos….
Matando a curiosidade de quem possa interessar (viu Pat) revelo meus atuais prediletos…. os que estão no meu “ipod”…
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 “A rotina do perfume é a lembrança”

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“...estava na hora de se vestir: olhou-se ao espelho e só era bonita pelo fato de ser uma mulher: seu corpo era fino e forte, um dos motivos imaginários que faziam com que Ulisses a quisesse; escolheu um vestido de fazenda pesada, apesar do calor, quase sem modelo, o modelo seria o seu próprio corpo mas enfeitar-se era um ritual que a tornava grave: a fazenda já não era um mero tecido, transformava-se em matéria de coisa e era esse estofo que com o seu corpo ela dava corpo — como podia um simples pano ganhar tanto movimento? seus cabelos de manhã lavados e secos ao sol do pequeno terraço estavam de seda castanha mais antiga — bonita? não, mulher: Lóri então pintou cuidadosamente os lábios e os olhos, o que ela fazia, segundo uma colega, muito mal feito, passou perfume na testa e no nascimento dos seios — a terra era perfumada com cheiro de mil folhas e flores esmagadas:   Lóri se perfumava e essa era uma das suas imitações do mundo, ela que tanto procurava aprender a vida — com o perfume, de algum modo intensificava o que quer que ela era e por isso não podia usar perfumes que a contradiziam: perfurmar-se era de uma sabedoria instintiva, vinda de milênios de mulheres aparentemente passivas aprendendo, e, como toda arte, exigia que ela tivesse um mínimo de conhecimento de si própria: usava um perfume levemente sufocante, gostoso como humus, como se a cabeça deitada esmagasse humus, cujo nome não dizia a nenhuma de suas colegas-professoras: porque ele era seu, era ela, já que para Lóri perfumar-se era um ato secreto e quase religioso.”  Clarice Lispector
Perfumes Mel

Piper_nigrum_drawing_1832 domínio público

P musk abelmoschus-moschatus ou hibiscus




Acacia-decurrens ou mimosa de Wrigley Botanical Gardens  por 
J.Brew

perfumes Vanilla sp de Ekzater-England
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gengibre

Jasmim de everystockphoto home_wonder_685268_l
O Perfume é o invólucro invisível,
Que encerra as formas da mulher bonita.

Bem como a salamandra em chamas vive,
Entre perfumes a sultana habita.
Escrínio aveludado onde se guarda
Colar de pedras — a beleza esquiva,
Espécie de crisálida, onde mora
A borboleta dos salões — a Diva.
Alma das flores — quando as flores morrem,
Os perfumes emigram para as belas,
Trocam lábios de virgens — por boninas,
Trocam lírios — por seios de donzelas!
E ali — silfos travessos, traiçoeiros
Voam cantando em lânguido compasso
Ocultos nesses cálices macios
Das covinhas de um rosto ou dum regaço.
Vós, que não entendeis a lenda oculta,
A linguagem mimosa dos aromas,
De Madalena a urna olhais apenas
Como um primor de orientais redomas;
E não vedes que ali na mirra e nardo
Vai toda a crença da Judia loura...
E que o óleo, que lava os pés do Cristo,
É uma reza também da pecadora.
Por mim eu sei que há confidências ternas,
Um poema saudoso, angustiado,
Se uma rosa de há muito emurchecida,
Rola acaso de um livro abandonado.
O espírito talvez dos tempos idos
Desperta ali como invisível nume...
E o poeta murmura suspirando:
"Bem me lembro... era este o seu perfume!"
E que segredo não revela acaso
De uma mulher a predileta essência?
Ora o cheiro é lascivo e provocante!
Ora casto, infantil, como a inocência!
Ora propala os sensuais anseios
D'alcova de Ninon ou Margarida,
Ora o mistério divinal do leito,
Onde sonha Cecília adormecida.
Aqui, na magnólia de Celuta
Lambe a solta madeixa, que se estira.
Unge o bronze do dorso da cabocla,
E o mármore do corpo da Hetaíra.
É que o perfume denuncia o espírito
Que sob as formas feminis palpita...
Pois como a salamandra em chamas vive,
Entre perfumes a mulher habita.
Castro Alves, Os perfumes

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